“PARQUE VERDE ARQ. PAISAGISTA FERNANDO PESSOA” VAI SER PRIMEIRO PROJETO DE “MASTERPLAN” AMBIENTAL PARA VILAMOURA

04 de agosto 2025

Foi plantada, na passada quinta-feira, a primeira árvore do “Parque Verde Arq. Paisagista Fernando Pessoa”, que simboliza o arranque do Plano de Recuperação da Infraestrutura Verde e Ecossistemas de Vilamoura, o PRIVEV.

Durante a cerimónia coube a Miguel Freitas a apresentação desta intervenção, alinhada com a política ambiental do Município de Loulé e que homenageia uma referência ao nível da arquitetura paisagística da região algarvia.

Localizado próximo da Rua da Lusotur, o Parque irá ocupar 3 hectares dos 50 hectares de espaço público geridos pela empresa municipal Inframoura, constituindo apenas a primeira fase de uma operação alargada de reconfiguração daquilo que é a infraestrutura verde de Vilamoura.

O processo de implementação passará por uma “auditoria ecológica e funcional” à infraestrutura verde de Vilamoura e, a partir desse mapeamento dos habitats existentes, será dado seguimento aos projetos, através de um olhar para as áreas públicas deste território, considerando algumas dimensões. Desde logo a questão da zona húmida, ou seja, a linha de água existente em Vilamoura – a Ribeira de Quarteira e os seus afluentes. “É com base nesse elemento essencial que estrutura este território que devemos olhar para o resto. Estamos perante um território que tem riscos de inundação muito grandes”, explicou Miguel Freitas.

Por outro lado, pretende-se olhar para a infraestrutura verde, “criando, a partir dos espaços públicos, abrigos climáticos”, disse ainda o consultor. Esse foco na infraestrutura verde tem em vista não apenas a perspetiva da requalificação, mas também a adaptação às alterações climáticas, pelo que se irá realizar a reconversão para espécies autóctones que, para além de contribuírem para esse “abrigo climático”, exigirão menos água.

Finalmente o trabalho que se pretende fazer passará também por criar aqui um “parque ecobotânico, que permita que aqueles que vivem e visitam este território possam ter contacto com aquilo que é a diversidade nesta zona”, explicou ainda Miguel Freitas.

Em suma, o PRVEV tem como objetivos a reconversão e intensificação da componente arbórea e arbustiva, além da realização de trabalhos de desobstrução e de aumento da bacia de retenção da Ribeira de Quarteira.

Durante os primeiros 5 anos a rega será feita através de furos e posteriormente através das águas residuais.

Este projeto conta com uma candidatura ao PRR que, como adiantou Lurdes Carvalho da CCDR Algarve, “está em análise”. “É um projeto muito bem pensado e desenhado, que vem complementar aquilo que nós construímos para a região, o Plano de Ação para a Biodiversidade e Infraestruturas Verdes”, disse.

Fernando Pessoa agradeceu a homenagem que lhe é prestada com a realização e afirmou: “Fiz sempre o que melhor que podia e sabia, mas nada mais do que isso”.

Sobre este parque, relevou a sua importância não só porque irá possibilitar o lazer ao ar livre mas também irá proporcionar a recuperação das linhas de água tendo em conta os riscos de cheias.

O autarca Vítor Aleixo destacou a figura e a obra de Fernando Pessoa no Algarve, “uma

personalidade respeitada, cujo prestígio e conhecimento fizeram escola na administração pública regional”. Recorde-se que foi ele o mentor do Jardim Botânico Mediterrânico em Querença

Este projeto para Vilamoura constitui “apenas um grão num imenso edifício” que é o trabalho realizado pela Câmara Municipal de Loulé ao longo dos últimos anos tendo em vista a adaptação à mudança do clima.

Da parte da administração da Inframoura, Jorge Aleixo, lembrou aquele que tem sido o planeamento urbano de Vilamoura desde a década de 60, assente numa “simbiose perfeita” entre espaços habitacionais, para comércio e serviços e redes viárias, e as parcelas para espaços verdes e equipamentos. “Tudo isto proporciona uma qualidade de vida única para quem reside em Vilamoura, seja de forma temporária ou permanente”, notou o presidente da empresa municipal.

Para que resulte mais compreensível que urbanização, adaptação à mudança do clima e salvaguarda da biodiversidade não só é possível como necessário, e sendo Vilamoura um território que gosta de estar na vanguarda das boas práticas, o autarca Vítor Aleixo disse que seria importante no futuro, quando houver uma reformulação do plano de urbanização de Vilamoura, que este possa adotar a designação de “Plano de Urbanização Bioclimático”, que permita “interpenetrar o mais possível a realidade urbana com a rural”. “É preciso trazer a natureza para dentro das cidades!”, exclamou.

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